OTÁVIO PEREIRA GUIMARÃES TERCEIRO PREFEITO DE VAZANTE

TERCEIRO PREFEITO DE VAZANTE
No ano de 1.962, o fazendeiro OTÁVIO PEREIRA GUIMARÃES, Otávinho, foi eleito como o terceiro Prefeito de Vazante, tendo como Vice, MANOEL RABELO DE ARAUJO, conhecido como Romeu Rabelo, também fazendeiro, sediado no distrito de Guarda-Mor.

Foi uma disputa relativamente difícil, pois os eleitores guardamorenses ainda participaram do pleito. Aquele distrito só teve a sua emancipação decretada no ano de 1.963, portanto no ano seguinte as eleições. E estes como bom pessedistas e ainda ressentidos pelos acontecimentos pretéritos, apoiaram a candidatura de JOAQUIM FERREIRA DE REZENDE, conhecido comerciante de tecidos em Vazante, cognominado QUINZINHO. Embora tenha dificultado um pouco para a chapa vencedora ela conseguiu 450 votos de diferença sobre os adversários. OTAVINHO foi, sem dúvida, o melhor prefeito que Vazante conheceu até agora, seguido de perto pelo seu sobrinho HÉLIO PEREIRA GUIMARÃES, o sexto prefeito deste município. Foi ele, Otavinho, o primeiro vazantino a comandar o novel município mineiro.



Um fato interessante, que merece relato. Nessa época eu ainda não era eleitor, mas já participava ativamente do movimento político eleitoral. Auxiliava o Presidente da UDN, Sr Afrânio Rosa a organizar a papelada do Partido, ia às vezes em Paracatu levar documentos e andava na cidade e no município junto aos candidatos angariando os votos necessários à eleição.
Num certo dia, o ODILON LUIZ, um dos cabos eleitorais mais fortes que tínhamos, ia levar um trator embarcado no seu caminhão para a região de Vazamor, com a finalidade de fazer alguns serviços – com certeza de cunho eleitoral. Entrei no caminhão com ele e fomos para aquela comunidade levando o trator e mais algumas pessoas necessárias aos trabalhos a serem realizados. Chovia bastante e o caminhão rompia naquelas estradas enlameadas e escorregadias. Como a cabine estava cheia, ia umas mulheres e crianças, me aboletei na cabine do trator, que logicamente estava na carroceria do caminhão, onde ficava o operador durante os seus trabalhos.
Lá na região do salobo, bem próximo à encruzilhada onde hoje vira para a fazenda do Antônio Andrade, virava-se para a esquerda e passava bem próximo à Fazenda do Tôe da Odília. Tudo muito molhado dificultou para o Odilon enxergar os buracos e o caminhão deu um galeio forte e o trator desprendeu-se das amarras e caiu ao solo, me levando junto a ele. Eu fiquei debaixo daquele monte de ferro sem condições de sair dali e vendo os manches e demais equipamentos enterrados no chão sem que nenhum tivesse me atingido. Foi um milagre. Qualquer daqueles ferros que tivesse me atingido, com certeza hoje não estaria aqui fazendo este relato.
Foi muito difícil me tirar debaixo daquele monte de ferro. A chuva dificultava mais ainda o trabalho dos homens. Mas com a experiência e calma, dons que sobravam no Odilon, conseguiram me retirar são e salvo. Não conseguimos, no entanto, levar o trator para ganhar mais alguns votos para o Otavinho.
AQUI era carente de tudo. Não tinha veículos, maquinas e equipamentos necessários aos serviços públicos, construção de estradas, pontes, mata burros, e para o funcionamento geral do município, sem falar na baixa arrecadação e a ausência do Estado, que mal pagava os professores estaduais, a polícia e seus funcionários de modo geral.
Na sua gestão conseguiu através da força política então dominante trazer para Vazante a Coletoria Estadual, diminuindo a dificuldade dos vazantinos terem de ir à Guarda-Mor, para resolver as suas pendências de ordem financeiras com o Estado. Junto veio o funcionário José Nunes Dias e sua família, que integrou bem com a nossa gente, tornando-se um deles. José Dias faleceu recentemente em Belo Horizonte, onde residia, com 89 anos deixando muitas saudades para os seus amigos.
O que Otávinho fez como Prefeito, pode ser considerado um verdadeiro milagre, só comparado com a multiplicação dos pães. A renda era minúscula e as necessidades maiúsculas.
PRIMEIRAMENTE ele comprou um caminhão e reformou o velho trator, colocando em prática a abertura de estradas, cavas e aterros. Com essas providências facilitou o acesso dos munícipes irem e virem na cidade, lubrificando o comércio de suas mercadorias e a aquisição de outras para suprir as suas necessidades.
O ano de 1963, quando principiou o seu mandato foi um ano atípico para a região, não choveu um pingo de chuva sequer, desde o dia primeiro de janeiro até o dia 31 de dezembro. Foi o ano de maior prejuízo para a agricultura e a pecuária, a bem dizer a única fonte de renda que movimentava o município. Mas quando foi o ano seguinte, 1.964, as chuvas iniciaram na madrugada do primeiro de janeiro, chovendo ininterruptamente, sem pausas até mesmo no período tradicionalmente de seca. Com isso os rios e córregos todos transbordaram, levando as pontes e deixando muita gente ilhada.
Foi quando entrou o espírito de trabalho e liderança daquele grande Prefeito. Mesmo sem contar com verbas na Prefeitura ele conclamou a todos os fazendeiros, carpinteiros, marceneiros, enfim o povo em geral e em forma de mutirão refez todas as pontes que as águas tinham levado. Sabem o custo de tudo isto? ZERO. Não custou um centavo para a Prefeitura...
DE FORMA arrojada ele partiu para arrumar a pequena Vazante, mandando cascalhar as ruas de terra batida e a construção de guias e sarjetas, melhorando o aspecto e o escoamento das águas das chuvas. Construiu a Praça José Ermírio de Morais, dotando-a de jardins gramados e bancos para as horas de laser dos vazantinos e melhor conforto para que os alunos aguardassem as horas de suas aulas e as pessoas também aguardassem os horários para serem atendidos na Prefeitura Municipal, que passou a funcionar em prédio próprio por ele construído. Mas a carência era enorme. Urgia construir e dotar a cidade e o município de muitos outros equipamentos urbanos e rurais para resolver pelo menos parte das necessidades.
OS FILHOS de Vazante, ao terminar o curso primário, (as quatro primeiras séries), do ensino fundamental, davam por encerradas as suas vidas escolares, sendo certo que não tinham como prosseguir. Vendo isto, Otávinho, embora sendo um quase analfabeto, não deixou por menos. Convocou a população urbana e rural e as autoridades constituídas e em regime de MUTIRÃO – o que mais usou na sua administração -, criou e colocou em funcionamento o primeiro Curso Ginasial de Vazante, o COLÉGIO DOM ELISEU, dirigido por Frei Vicente, o pároco da Igreja Católica, sendo auxiliado pelos professores aqui convocados: Dr João Cherubini Neto, Dr Nilson, Dolores Rosa Solis Rezende, dentre outros. Os primeiros alunos deste Ginásio desatacam-se, Alcides Diniz, Antônio Andrade, Jacques Soares e outros. Para acomodar o novo educandário, adquiriu do Sr Braz Lázaro um tosco barracão, onde funcionava uma máquina de limpar arroz, adaptando-o para ser as salas de aula, gabinete do Diretor, Secretaria e demais cômodos para as necessidades do Ginásio.
VAZANTE não contava com energia elétrica. As casas eram iluminadas por lamparinas à querosene, lampião Aladim e velas. Funcionava de forma precaríssima um conjunto diesel conseguido anteriormente junto a Companhia Níquel Tocantins, que funcionava das sete até às dez horas, fornecendo uma iluminação precária para as ruas e algumas casas da cidade. Dessa forma foi até que o prefeito Otávinho firmasse convênio com o DAAE, que instalou um conjunto Diesel bem maior ali no início da Avenida Odilon Luiz; foi uma melhoria substancial pois funcionava 24 horas por dia e fornecia energia elétrica para toda a cidade. Até que em 1.966, a CEMIG, encorpasse o DAEE e trouxesse a rede de energia direta da usina de Santo Antônio, dela utilizando por vários anos, até ser interligada na rede de fornecimento da própria CEMIG.
PENSAM que a CEMIG veio de graça? De mãos beijadas? _ se enganam. Como tudo nesse tempo, na verdadeira CONSTRUÇÃO DESSA CIDADE, a comunidade tinha de participar financeiramente, foi graças a LIDERANÇA forte desse gigante, Otávinho, que arregimentou as principais lideranças do município e organizaram para pagar àquela Estatal uma importância vultuosa à época, para ver esse benefício beirar às nossas portas. Ele foi o primeiro a arcar com uma das cotas, que salvo engano eram em seis. Os outros cinco me lembro dos irmãos Afrânio e Alírio Alves Rosa, Valdevino Machado Guimarães, Gustavo Solis Rosa; e tiveram outros que dividiram as cotas e cada qual participou de alguma maneira.
ERA ASSIM NAQUELES BONS TEMPOS DE GENTE HONESTA...
TUDO que ele pode pensar em favor dos vivos ele, determinadamente, procurou solucionar. Eram pontes e mais pontes, mata burros e outros meios interligando as pessoas com a sede do município. Era o precário serviço de água que demandava uma vigilância constante. As Escolas rurais, requeriam uma melhoria para as existentes e a criação de tantas outras, para cobrir toda a extensão do município e das vilas de Claro de Minas e Vazamor.
AGORA ele se lembrou dos MORTOS. Os sepultamentos dos nossos mortos eram feitos em cemitérios de fazendas e, aqui em Vazante, existia um cemitério situado onde hoje é a Escola Estadual Pedro Pereira. Nessa época já estava com a sua utilização ultimada, sendo sepultado pessoas em cima de outras sepulturas. Vendo aquilo ele determinou a construção de um cemitério aqui em Vazante, outros dois em Claro de Minas e Vazamor. Todos ainda em pleno funcionamento.
QUANDO findou o seu mandato, no início do ano de 1.967, ele saiu nos braços do povo e, com toda certeza, com bem menos bens do que tinha quando entrou para a PREFEIURA – ERA A REGRA.
BEM DIFERENTE DE HOJE....
Foto: OTÁVIO PEREIRA GUIMARÃES
(3º prefeito de Vazante, MG)



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