O MÉDICO E O PACIENTE...


 
Santa casa de misericórdia de Coromandel MG
Poucos dias atrás em conversa com uma senhora, ela me relatava as dificuldades que estava enfrentando com uma doença que tinha acometido uma das suas filhas. Falou quanto aos sintomas, a maneira como ficava a menina diante daquela patologia, achando até que não alcançaria cura.
Quando relatou os sintomas e a maneira como manifestava, ela me retroagiu a um passado bem distante, fazendo-me relembrar que eu também tinha enfrentado o mesmo mal e não sabia que era. Segundo a minha interlocutora a filha sofria de SÍNDROME DO PÂNICO. Nome bem pomposo para o mal que eu padecera na minha juventude.
Segundo ela, além do padecimento da menina, os gastos eram vultuosos, eram exames pra quí., exames pra li, sem cobertura de algum tipo de seguro, sem amparo pelo SUS ou pela Saúde Municipal, causando um mal maior que era a desesperança familiar.
NO QUE ela ia relatando os sintomas e suas manifestações, fiquei até um pouco aéreo, pensativo, pois nem sequer me lembrava de mais daqueles terríveis momentos pelos quais passara, causando-me uma espécie de desvalor pela vida.
A coisa funcionava assim. Eu podia estar sadio, inteirinho, em plena vivência dos meus dezesseis, dezessete anos, e de repente me vinha àquela sensação de estar perto da morte. O coração batia descontrolado, as veias do meu pescoço engrossavam e ficavam pulsando forte. Vinha aquela sensação de calor, ou às vezes frio. Eu chegava ao máximo de marcar o lugar onde iria cair morto. Pensava “não passo do outro lado da rua e vou morrer ali mesmo”.
Eu tinha vergonha de dizer isso ao meu pai, que era farmacêutico de muita prática, ou mesmo a outra pessoa que pudesse me dar alguma orientação. Vazante não tinha médicos. Então resolvi ir até a Coromandel consultar um doutor recém-chegado na cidade e já com alguma fama.
Como eu não tinha dinheiro vendi o único bem de que dispunha, apesar de ter ficado com muito pesar: o meu radinho de pilha (desde aquela época eu já era gamado num rádio).
Lá chegando, procurei o Hospital e agendei a consulta, pagando-a antecipadamente, sobrando somente o suficiente para pagar a passagem de volta na jardineira do Adolfo.
O doutor era um homem novo, seus trinta anos no máximo, bem-apessoado e chamava-se, Dr. ERNANI MATOS, filho de um fazendeiro abastado de Coromandel, Sr. Levi de Matos – aparentado da família dos Machados, aqui de Vazante.
Entrei
em seu consultório e ele me mandou assentar numa cadeira defronte à sua. Fiquei miúdo diante daquele super-homem.
Naqueles tempos o Médico consultava de verdade o paciente. Fez-me relatar o que estaria sentindo, indagou o que fazia, ou deixava de fazer; se praticava algum esporte, que tipo de trabalho era o meu. Enfim me vasculhou de cima para baixo.  Aferiu minha pressão, temperatura, examinou minha garganta, arregalou os meus olhos, dentes... Indagou tudo sobre a minha família e deu a consulta por terminada.
IMAGINEI “agora ele vai me dar uma baita duma receita e não terei como aviá-la”. Mas, nada disso. O Doutor firmou os olhos em mim e de cenho cerrado me contou a maior potoca que eu já ouvi em toda a minha vida.
Começou dizendo: - Como um rapaz sadio igual a um coco vir tomar o tempo de um médico que tem por finalidade tratar da saúde dos doentes. E, continuou, desaforadamente: Você, rapaz, tem de tomar é vergonha na cara, cuidar da sua vida, trabalhar, jogar seu futebol, dançar nos seus pagodes e deixar de lado essa mania de doença. Você não sofre coisa alguma. Não vou te receitar nem uma pílula sequer, e me mostrou a porta de saída do seu consultório.
Dali arredou são, como ele disse igual a um coco e nunca mais tive qualquer manifestação daquele mal.
“SÓ AGORA, tomei conhecimento do nome daquela doença e me pus a imaginar:” se aquele Doutor tivesse procedido como outros tantos fazem por aí, me pedido uma série de exames de laboratório, de imagens e outros, e me receitado uma caixa de comprimido qualquer, exigindo a minha presença em seu consultório daí a uns quinze dias ou um mês, talvez estivesse cultivando esse mal até hoje e, quem sabe, até espalhando ele pelo MUNDO!
Lembrei me também de um mal que acometia umas tantas mulheres e até mesmo homens, que causavam um enorme mal-estar na família e nos amigos.
A pessoa podia estar saudável, alegre e até mesmo risonha. Era só sofrer qualquer contrariedade de qualquer modo, que seus nervos contraiam, enrolava o corpo, cerrava os dentes e parecia estar morrendo.
Corria atrás do farmacêutico, que já conhecia o paciente e o mal, trazia lá uma injeção qualquer e aplicava e não demorava muito ficava sonolento e melhorava, para o alívio dos familiares.
Com a chegada de um médico na cidade, esses casos foram resolvidos como se fosse um milagre. Quando chamado para atender pacientes com esses sintomas ele já levava consigo uma injeção milagrosa. Era uma dose só e nunca mais a moléstia acometia aquela pessoa.
 Um dia indaguei dele o que era aquela injeção milagrosa, ele me revelou: um centímetro de álcool na popa. É uma das coisas mais doloridas que existem. E dizia para a pessoa: Não tem outro remédio para curar esse mal...
Dai garrei a imaginar: seriam essas doenças da mesma família?...
Relatei  tudo isso para a mãe da moça. Não sei se fiz bem ou se fiz mal e nem sei se ajudou em alguma coisa. Mas me senti na obrigação de contá-la...
Mas que tinha outro remédio, isso tinha. Terapia usada nos tempos da vovó.  Era o fuste de candeia no umbigo. Tiro e queda. Nunca mais os nervos contraiam...

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