SEU DOLOR e os VIDAS...

TODAS as tardes, sem nenhuma variação, subia aquele homem alto, moreno, entradas acentuadas, mas pouco vistas, pois o boné de pano na cabeça impedia, passos lentos, sem pressa nenhuma, passando defronte da minha casa, tomando a mesma direção de sempre.
SE frio o tempo, cachecol no pescoço e a blusa jogada nos ombros, noticiando que tinha hora de sair, mas não sabendo quando voltaria.
TODAS as pessoas que encontrava pelas ruas eram cumprimentadas, sempre com aquele sorriso nos lábios, mas sem muitas mesuras, como gostava de dizer.

QUANDO o via passando, eu já sabia o seu destino. Era o mesmo que eu tomaria daqui um pouco. Ou no Jeová, ou no Áureo, ou em qualquer outra casa de um amigo que nos recebia para a nossa diversão diária, o jogo de cartas.
A princípio a gente ia lá pro Seu Salvininho Seleiro, na rua Salatiel Corrêa. O joguinho inocente de víspora nos aguardava.
COMO aprendi a gostar daquele homem.
PESSOA de uma simplicidade a toda prova. Indiscriminadamente se fazia amigo de todos. Eu, principalmente, tinha uma grande diferença de idade com ele, mas o que nunca impediu de sermos amigos. Eu tive esse privilégio de me tornar amigo de pessoas mais velhas.
SERVIÇO? Qualquer tipo, servia. Não escolhia e nem enjeitava, por mais difícil que fosse. A título de comparação, somente o Seu Antônio Clemente, ou o Dolorão.
SEU Antônio Clemente, para efeitos de ilustração, foi quem rompeu a enorme barreira de pedra caieira existente no início da Rua Pereira Guimarães. Na época, o Prefeito era outro que não enjeitava serviço por mais bruto que fosse, Otávio Pereira Guimarães, o Otavinho, desafiou o Seu compadre, Antônio Clemente e ele aceitou e a rua Pereira Guimarães tomou rumo ao progresso da pequena cidade, em direção ao seu destino. Antes a rua era interceptada e as pessoas tinham de dobrar á direita e passar de fronte a outro grande vazantino, o saudoso Diniz da Fonseca, ali na rua D. Izaura.
O OUTRO, coincidentemente tinha o mesmo nome, Dolorão. Esse também não enjeitava nenhum tipo de trabalho. Todas as vezes que o víamos no trabalho era sempre naqueles mais difíceis possíveis. Era uma fossa, uma cisterna, uma valeta mais profunda... Certamente que ali estava porque já tinha sido enjeitado por uma porção de outros, que diante da dificuldade, não enfrentou.
DIGO sem medo de errar que esses três homens, mais o Tio Idelfonso Roxo, eram os melhores braços que existiram na nossa pequena Vazante.
ESSE amigo, revelo agora: é o Seu Dolor. Dolor Vida da Silva.

ELE, que veio de uma família numerosa, eram  oito irmãos, oriunda das beiradas da Catirina, ou seja, da região dos Palmitos. Tinha como irmãos,O Joaquim Vida,Negrinha Vida,o Duca Vida, o Negrinho Vida, o Sebastião Vida, o Osorio Vida,  a D. Divina Vida, O Alírio Vida – esse foi eleito Vereador à Câmara Municipal de Vazante, na mesma legislatura que eu também fui eleito, 1.967/70. Éramos amigos inseparáveis. E, por último o Geraldo Vida - Esse é o único que ainda tem vida. [

Casou-se com a jovem Elza de Oliveira, os quais tiveram dez filhos, Mônica - recentemente falecida e muito pranteada -, José Washington, Pedro Antônio, Marilene, Donizete, Sonego, Edinho, Marizete, Conceição e Roni.

QUE exemplo de pai, foi aquele homem!  Marido exemplar. Juntamente com a D. Elza eles criaram os filhos dentro de uma primorosa educação. Muito carinhosos, estavam sempre presentes. E ele se fez respeitado, respeitando a cada filho. Não se tem notícias de que Seu Dolor tenha levantado a voz para qualquer deles. Os tratava como filhos, mas sobretudo, como amigos. Com eles dialogava em voz baixa e comedida.

NO nosso tempo de criança, um dos passatempos preferidos era vadiar naqueles grotões que permeavam a pequena cidade. Um deles era bem nos fundos da casa do Seu Dolor e de Dona Elza. Em meio aquele chega e sai de meninos, adentrando o seu quintal, por onde passava uma trilha que descia no grotão. Naquele local todos nós buscávamos a famosa água da biquinha, a melhor de todas. Por ali passava também a molecada, indo e vindo das vadiagens pelos grotões. Também caminho para ir de pé até a D. Tonica, lá de trabanda desse e de outro grotão. Era pra perder a paciência. Mas tanto Dona Elza, que permanecia mais tempo em casa e, por essa razão, suportava mais essa barafunda, e da mesma forma o Seu Dolor, não demonstravam a menor mudança de humor. Mesmo porque, tinha sempre alguns dos seus filhos envolvido com a meninada. Embora fossem mais novos, estávamos sempre juntos e misturados.

SÃO essas pequenas grandes coisas que a gente nunca se esquece.

FUI e sou amigo de toda a família. Senti a partida de Seu Dolor, que apesar de ter vivido muito, foi ainda insuficiente para a família e a sua companheira que, de forma saudável, está entre os familiares e os amigos, vivendo o seu centenário. Não se pode afirmar que esteja alegre, pois ainda não se conformou com a partida da sua primogênita, Mônica, que residia nos fundos da sua casa e tinha presença permanente junto a ela.
OS filhos, como não poderia ser diferente, em razão da educação de berço que tiveram, todos são pessoas ilibadas, bem resolvidas e amigos dos amigos. E sempre presentes á mãe, enchendo-a de carinho e afeição. Fazem de tudo para fazê-la feliz, apesar dos pesares. 
NA Política, seguindo os passos do seu tio Alírio e para satisfação de todos nós vazantinos, o Dr. DONIZETE VIDA DA SILVA, o quinto dos seus filhos, foi eleito por quatro pleitos consecutivos ao Cargo de Vereador à Câmara Municipal de Vazante. Foi e é considerado o melhor Vereador que Vazante já conheceu. Trabalhou em função do Povo. Fiscalizou os atos dos Chefes dos Executivos, como determina a legislação e a finalidade do Cargo. Graças ao seu trabalho sério e comprometido que vimos o nosso meio ambiente ser, pelo menos em parte, respeitado, levando Empresas de grande porte se verem obrigadas a firmas os famosos Termos de Ajustamentos de Condutas – TACs. Inclusive um deles obrigou o Grupo Votorantim a construir a unidade de Tratamento de Esgotos Sanitários na nossa cidade. Pena que tanto o Tratamento de Esgoto, como todo o sistema de Esgotos Sanitários pertencentes ao município, tenha sido entregues de mãos beijadas para a COPASA cobrar tarifas exorbitantes do nosso Povo. Desiludido com a Política, está temporariamente dela afastado. É uma pena. Dr. Donizete Vida é uma promessa...

TODOS nós temos de marcar a nossa passagem na Terra. Seu Dolor marcou, sim. Na família, é claro, deixou a sua marca registrada de honradez, trabalho, honestidade, exemplos de marido e pai e muitos outros predicados.


PARA nós, os amigos, a sua presença é sempre relembrada a todos os momentos, quando estamos reunidos, jogando a nossa caixeitinha, há sempre alguém pra relembrar do velho parceiro que nos deixou... 

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