SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CREDITO– SPC


FOTO ILUSTRATIVA
Pelo que se têm notícias o serviço de proteção ao crédito é uma instituição recente.
Ledo engando.
A muito, de forma não legalmente instituída, esse instituto prestava seus serviços há vários anos. A forma de praticá-lo é que sofreu mutações no decorrer dos tempos.
Na pequena cidade ,o comércio funcionava normalmente. Porém era tudo na base do crédito.Os comerciantes estabelecidos e aqueles que viessem a se estabelecer já sabiam que tinham de dispor de certo volume de capital a mais para financiar o crédito dos seus fregueses. Eram os de caderneta; aqueles das notinhas; os que passariam daqui a pouco...Enfim todos os tipos de fregueses que compravam a prazo. Qualquer comerciante que se metesse a vender somente a dinheiro, ainda que tivesse um bom diferencial nos preços, não atraía os fregueses.Já era praxe o comércio na base do crédito.
Merece ressaltar que naqueles tempos inexistia a tal de inflação. Passava ano, vinha outro ano, e a mercadoria conservava o mesmo valor.Praticamente não havia remarcação de mercadorias.Por isso não tinha problema para manter o seu negócio. Tinha sim, o comerciante, de ter reserva financeira para sustentar o seu comércio e vender a prazo para os bons fregueses.
De um pequeno povoado a vila foi se transformando em um aglomerado maior de moradores e a área rural era muito povoada.Terras boas seguravam os fazendeiros e seus agregados, no campo. A produção agrícola era satisfatória e a criação de gado, embora incipiente,dava bons resultados.Com isso o comércio ganhava novos concorrentes e a freguesia aumentava.
Quem quisesse gozar do privilégio das compras a prazo tinha de manter o seu nome limpo na praça, senão corria o risco de não adquirir as mercadorias que necessitasse.
Arquivo Google

Seu Manezinho, o da rua de baixo, sem qualquer nomeação oficial, mantinha a relação dos bons e maus pagadores, facilitando a vida dos comerciantes, que dele se socorriam constantemente quando tinham dúvidas com determinadas pessoas. Ele sabia de cor os bons, os mais ou menos e os maus pagadores. Sabia, também, daqueles que não pagavam de jeito nenhum. Com o tempo ele os elencou num cadernetinha e vez em quando fornecia aos comerciantes uma cópia.
Cirilo Bom Tempo estabeleceu na pequena vila no ramo variado de tecidos e secos e molhados.A sua venda era bem grande, municiada de um tudo e veio para satisfazer a necessidade da região. 
Não demorou e tomou conhecimento da prestação de serviço aos comerciantes pelo Manezinho da rua de baixo. Volta e meia tinha de consultar o velho pra saber de algum pretendente ao crédito.
Como existem em todos os lugares, aqui na vila da Lapa do Pamplona também existia alguém que não cultivava o hábito de solver os seus compromissos. Era o caso de um determinado cidadão, que o chamarei de Freguês.
Houve um caso bem interessante com o Cirilo e o Freguês quando pretendia adquirir umas mercadorias da sua venda e pagaria depois.Lá estavam os dois. O Freguês como sempre bom de lábia, mostrando as suas qualidades de bom pagador, e o Cirilo se desculpando perante ele, dizendo que, por ser novato no comércio, não o conhecia ainda, e tal e etc., razão pela qual não lhe abria o crédito. Nisso, entra o seu Custódio, com a intenção de comprar alguma mercadoria na loja do Cirilo.
Seu Custódio era famoso pelas suas respostas ligeiras e as suas tiradas inteligentes. Não tinha meios termos. Doesse a quem doesse, dizia o que tinha a dizer e pronto. Não se importava se as suas verdades atingissem ou não a quem quer que fosse.
Mal seu Custódio entrou no estabelecimento o Freguês seguidamente ao cumprimento, já foi se socorrendo dele. Olha seu Custódio. Foi bom o senhor ter chegado. Estou precisando de umas coisinhas lá em casa e o Cirilo não está me concedendo um prazo. Segundo ele não me dá o crédito porque não me conhece.
Seu custódio já respondeu na bucha.
Já eu não te dou porque conheço!
E foi saindo do comércio, descendo a rua em passos apressados.
Seu Manezinho, da rua de baixo, continuou a compilar e informar aos comerciantes os nomes dos seus futuros fregueses que poderiam ou não comprar a crédito.
Numa tarde morna, no assombreado da árvore de barriguda localizada na praça da igreja, uma roda de homens conversava com o Manezinho, da rua de baixo. Momento que alguém puxou a língua dele quanto aos nomes que constava nas suas anotações que, na opinião dele, tinha ou não crédito no comércio local.
Lá estava o Freguês. Aquele lá da venda do Cirilo.
O Manezinho não lia os nomes de quem tinha crédito, pois era uma maioria assustadora. Se limitava a ler os nomes dos maus pagadores. Foi lendo um a um e obtinha a concordância dos presentes.
Terminada a leitura, o Freguês ficou muito feliz, pois o seu nome não foi declinado. Mentalmente ele imaginava ir lá na venda do Cirilo e tentar novamente o crédito pretendido.
Ficando a sós com o Manezinho da rua de baixo, indagou dele se podia dar uma informação pra levar pro novo comerciante, onde pretendia comprar algumas mercadorias a prazo. Relatou pro Manezinho o ocorrido no dia que o seu Custódio deu nele uma decepção danada, sendo que o seu nome nem não consta na lista do Manezinho.
Nessa hora o informante do sistema de proteção ao crédito de antanho, esclareceu para o pretendente a informação que ele já tinha passado uma nova lista para o comerciante recém-instalado na praça. Portanto o Cirilo já tinha informações fresquinha, onde com certeza os nomes de quem não merecessem crédito lá estariam.
Imediatamente ele tomou o rumo da venda do Cirilo. Dessa vez ele levaria as coisas que precisava em casa. Ia imaginando.
Chegou todo animado e foram logo propondo ao comerciante as suas pretensões. Lembrou a ele da reunião ocorrida lá na sombra da barriguda da praça da igreja, onde verificou que o seu nome não constava na lista do Manezinho da rua de baixo, como um mau pagador.
Mas o Cirilo continuou irredutível.
O Freguês insistiu, tanto insistiu, solicitou ao Cirilo que examinasse a lista do Manezinho, até que o comerciante desse a ele a resposta final.
Seu nome na verdade não consta da lista dos maus pagadores. Mas é um tanto pior, seu fulano. Seu nome consta é na lista daqueles que não pagam de jeito nenhum...

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